Bolívia, ahhh Bolívia! Vocês lerão em muitos dos meus textos que "este lugar é incrível". Falarei isso da Bolívia 1000 vezes!!
Durante muito tempo, ao falar em Bolívia, o imaginário coletivo se limitava a estigmas como o tráfico de drogas. Mas o país vai muito além disso.
Embora não ofereça luxo nem uma infraestrutura turística sofisticada, a Bolívia surpreende com sua riqueza natural, paisagens impressionantes e uma autenticidade rara. É um destino bruto, intenso e de uma beleza arrebatadora, ideal para quem busca experiências verdadeiras e fora do óbvio.
É possível chegar à Bolívia de avião por cidades como Cochabamba, La Paz, Santa Cruz de la Sierra e Sucre.
No nosso caso, optamos por uma aventura por terra: fizemos o trajeto de carro a partir de San Pedro de Atacama, no Chile. A princípio, a viagem não é longa, mas imprevistos podem acontecer — como foi com a gente. A estrada entre os dois países estava fechada por um tempo devido à famosa “burrocracia” governamental, o que acabou prolongando bastante o percurso.
Por outro lado, esse atraso teve seu lado positivo: nos ajudou a ir nos adaptando gradualmente à altitude, o que fez toda a diferença para o restante da viagem.
Qualquer pessoa pode comprar o passeio para o Salar de Uyuni diretamente em San Pedro de Atacama, mas é importante saber que, na maioria dos pacotes locais, a hospedagem costuma ser em albergues bem simples — o que, particularmente, não combina com o meu perfil de viagem, como já comentei em outro post.
Optamos por um pacote fechado no Brasil, com quatro dias inteiros na Bolívia — embora também seja possível fazer em três dias ou montar um roteiro personalizado. Ficamos em hotéis considerados muito bons para os padrões da região, mas que, sinceramente, não se comparam ao conceito de hotelaria de alto padrão ao qual estamos acostumados. A Bolívia é um país muito simples e com infraestrutura turística bastante limitada, o que deve ser considerado antes da viagem.
⚠️ A escolha da agência local é um ponto crucial.
Viajar para a Bolívia exigia — e ainda exige — cuidados extras. Por isso, não recomendo economizar demais nessa etapa. Agências com preços muito baixos podem representar riscos maiores ou perrengues desnecessários em uma viagem que, naturalmente, já tem seus desafios. Invista em segurança, confiabilidade e bom suporte.
Vai ter perrengue, mas alinhando as expectativas, o final é feliz! Eu não era muito aventureira quando fiz esta viagem e a minha “cara de nojo” quando entrei no primeiro hotel ficou na memória das minhas amigas e ainda fui taxada de chata, e sou mesmo, mas é que o Tayka Del Desierto é um hotel de pedra escura que parece ser sujo e nos fez relembrar aquele desenho “Caverna do Dragão”.
Há 60 anos não chovia nessa região do deserto e, neste dia, a chuva formou até enxurrada na areia amarronzada que circundava o hotel. Sorte??? Acredito que sim! O frio cortava a alma e unido à água da chuva, em alguns momentos da viagem, nos deparamos com uma neve fina e linda.
O destino era o Salar de Uyuni, mas o início da viagem foi muito mais emocionante e cheio de adrenalina.
Fomos guiadas por uma “águia” (um dos motoristas), a sua “sombra” (o motorista do outro carro) e uma contadora de histórias bolivianas. Descobrimos que eles não tinham GPS, nem qualquer outro instrumento de orientação. Celular?! Um luxo capitalista que só servia para tirar ótimas fotos. Fizemos a simples pergunta de como eles sabiam para onde ir, já que as rodovias eram inexistentes em grande parte da viagem. A resposta foi: pela Cordilheira!!!
Para chegarmos ao hotel de Sal, onde passaríamos a segunda noite, andamos por entre lagoas, cemitérios incas, muitos e muitos flamingos, lhamas e a tal cordilheira que nos mostrava o caminho certo. Nessa aventura caminhamos dentro de um vulcão lindíssimo e ativo. Isso mesmo, ATIVO!!! A nossa guia, nos contou, na maior calma do mundo que uma das partes tinha entrado em erupção dias antes e que teríamos que andar atrás dela, quase que passo a passo, para não ter perigo. Desespero quase que visível, mas não perdi a oportunidade de tirar muitas fotos e guardar na minha memória aquele momento que poderia nunca mais se repetir.
Estávamos a quase 5 mil metros de altitude — e isso, sem dúvida, é um dos maiores desafios para quem visita regiões elevadas como o altiplano boliviano.
Sentimos na pele os sintomas do famoso “mal de altitude” (ou soroche), causado pela dificuldade do organismo em absorver oxigênio em altitudes elevadas. Tivemos dores de cabeça, náuseas, perda de apetite e até uma leve confusão mental — sintomas comuns que podem surgir já a partir dos 2.500 metros de altitude.
Em casos mais graves, o mal de altitude pode provocar alterações na cor das extremidades do corpo, tonturas intensas e, em situações extremas, pode até levar à morte se não houver adaptação ou socorro rápido.
Para amenizar o desconforto, os bolivianos têm um costume tradicional e eficaz: mascar folhas de coca. Pode parecer estranho à primeira vista, mas vale ressaltar que isso não é crime nem está ligado ao uso recreativo da planta — trata-se de um remédio natural ancestral andino.
O gosto pode não agradar, mas realmente ajuda a aliviar os sintomas e permite que você continue aproveitando a viagem.
Após passar uma noite muito bem dormida e mais confortável, chegou o tão esperado dia para conhecer o Salar de Uyuni. A chuva torrencial caia desde a noite anterior e o Salar já não era mais um deserto imenso de sal. Poderia ser uma lagoa para refletir as nossas imagens, mas também não era isso que víamos, pois a quantidade de água fez com que a movimentação fosse grande e o Salar virasse um rio. A frustração tomava conta da gente. De qualquer forma, fizemos o passeio e os nossos anjos protetores nos levaram só até onde era seguro, porque andar no salar alagado pode ser muito perigoso.
A partir daí, seguimos para o nosso segundo “Caverna do dragão”. Um dia inteiro de grandes emoções e longas distâncias, num esquema “Rally Dakar”. Não estou exagerando de jeito nenhum!!! Estradas alagadas e derrapando, rios, deserto, paisagens maravilhosas e uma experiência inesquecível. Consegui dormir um pouco para descansar e quando despertei vi que estávamos parados frente a uma falha na estrada e um ônibus quebrado. Perguntei o que era aquilo e fui surpreendida com um comentário do tipo: "acho que o nosso rally terminou aqui. Será que conseguiremos passar?" Quando o vi motorista do nosso carro estava analisando a profundidade, vestido só de cuecas, e estudando a melhor forma de atravessarmos aquela falha. Deu tudo certo!
Chegamos mais tarde no último hotel e fomos muito bem recepcionadas pelo gerente bacaníssimo que nos informou que há anos não chovia e nevava tanto. Nos contou que os turistas daquela região eram, na sua grande maioria, franceses, alemães e até russos, mas que brasileiros eram poucos. Que desde o ano anterior a procura pela Bolívia tinha crescido, mas que nós ainda tínhamos muito medo.
Ali perto existem lugares para escalada de picos e esportes radicais. Poucos horas a mais, chega-se na Amazônia boliviana, que acredito ser a parte mais perigosa do país, por causa do tráfico.
Você deve estar pensando como eu, essa maluca, gostou tanto de um país que não tem energia direito, não tem comida à vontade (porque comíamos o que nos davam e a nossa única escolha era carne vermelha ou branca, que deveria ser de lhama ou frango sempre. Para não comer "lhama", comemos frango nos 4 dias), não tem rodovia asfaltada nessa região e nem telefone celular? Pois é, acho que por isso mesmo!!! Os mochileiros de plantão adoram este esquema maluco e descontraído de viajar. Eu, mesmo não sendo adepta da falta de conforto, amei. Vivemos experiências autênticas nas casas dos nativos, recebemos o carinho de pessoas que nunca vimos e que nos receberam para almoçar...
Dentre algumas dicas que posso dar sobre a Bolívia estão:
1) Qual a melhor época:
A escolha da época da viagem faz toda a diferença na experiência, especialmente se o foco for o Salar de Uyuni. Cada estação revela uma paisagem completamente diferente:
Verão – Estação das Chuvas (dezembro a março)
É quando o Salar se transforma em um verdadeiro espelho d’água, criando o famoso efeito reflexivo que atrai tantos viajantes.
Dica: fevereiro e março são os melhores meses dentro desse período, pois chove menos e o espelhado tende a ser mais visível.
Atenção: em dias de chuva intensa, algumas atrações podem ser interditadas por conta do acúmulo de água e dificuldade de acesso.
Inverno – Estação Seca (maio a outubro)
Durante esses meses, o Salar ganha o visual craquelado e brilhante, com aquele chão de sal que parece não ter fim.
É a melhor época para visitar todas as atrações da região, já que os acessos estão mais seguros e os dias, mais estáveis.
Imagens da internet.
2) Se o seu pacote tem refeição e se o guia o acompanhará em toda a viagem. Mesmo assim leve lanchinhos. Não há local para comprar nada facilmente.
3) Nunca, eu disse nunca, levar uma mala enorme. Viaje leve e leve sempre um casaco corta vento e roupas térmicas. Independente da época do ano, passamos por lugares diferentes e pode fazer muito frio e os hotéis não têm aquecimento. Pense nisso! Leve bastante protetor solar, óculos escuros e roupas fáceis de lavar, caso precise.
4) Tire muitas fotos e depois passe meses relembrando cada um dos momentos lindos que viveu.
5) Monte um kit higiene e de medicamentos: lenços de papel, lenços umedecidos e álcool gel. Leve todos os remédios que tem costume de tomar, principalmente para o estômago e para dor de cabeça. Como disse acima, o mal de altitude (soroche) é comum para nós brasileiros, pois não estamos acostumados com altas altitudes. A folha de coca é oferecida pelos guias e ajuda muito.
6) Troque dinheiro antes de iniciar o tour. Ter a moeda local é importante, pois não há caixa eletrônico durante o circuito. Eu troquei na fronteira, enquanto esperava o trâmite de imigração. Não é preciso muito dinheiro, mas pode ser preciso pagar algum banheiro, entrada de algum parque ou alguma comida.
Não recomendamos conhecer o Salar sem uma agência. Por ser um deserto, não existem postos de combustível, borracharias, hotéis e restaurantes por todos os lados. Não conte com o GPS e nem com sinal de celular. Ou seja, melhor contratar uma agência e viajar tranquilamente.
Caso você não tenha tempo e precisa de ajuda para organizar sua viagem, entre em contato conosco. Nós montamos uma viagem personalizada para você. Somos uma agência de viagens que comercializa, além das viagens, elaboramos o roteiro sob medida. Otimizamos o seu tempo e desenhamos a sua viagem com o seu perfil.
Até a próxima viagem!
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